domingo, 24 de agosto de 2008

"the burning world"


Rattus in Olhares.com
(...) Há gente assim, tão pura. Recolhe-se com a candeia
de uma pessoa. Pensa, esgota-se, nutre-se
desse quente silêncio.
Há gente que se apossa da loucura, e morre, e vive.
Depois levanta-se com os olhos imensos
e incendeia as casas, grita abertamente as giestas,
aniquila o mundo com o seu silêncio apaixonado.
Amam-me; multiplicam-me.
Só assim eu sou eterno. (...)
Herberto Helder - As Musas Cegas

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Da vida...

Eu sou do início da vida
Das horas perdidas em campos férteis
Do mundo repleto de mar.

Eu sou do meio da vida
Das névoas emaranhadas em cascata
Do ar saturado de esperança.

Eu sou do fim do fio da vida
Das casas construídas por mãos encarquilhadas
Da terra cheia de Sol.

Filipa Rodrigues

Dos números...

Da sétima onda um último desejo sem nível
Cinco palavras soltas num suspiro
Três gestos pensados num ápice.

Da perfeição de um número esguio
Saíamos sem nos darmos conta da contagem do tempo,
Sem conhecermos a seriedade dos momentos,
dos segundos,
das ausências em prol de descobertas independentes de nós.

Esta noite… conta-me uma história diferente!

Filipa Rodrigues

terça-feira, 12 de agosto de 2008

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Memórias...

A minha memória
como resma de papel sem cor,

Os sentidos encravados dentro de números e equações.

No cálculo daquilo que a minha pele quer sentir
E do que ninguém ousa dizer…

A ausência mordaz do teu cheiro!
























Palavras de Filipa Rodrigues

Foto de autor desconhecido

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Christian Coigny

Do tacto...

( a mote de Sara Gonçalves)

Hoje, e, apenas hoje
Permito-me ser apenas pele.

Hoje, só hoje
Deixo-me ficar no sentir só
que os dedos me trazem

Hoje, no tempo que dura pouco
e muito e nada
sento-me quieta nas minhas sensações.

Hoje, e ontem e amanhã
E depois dos dias todos
Do tacto completo absorvido por mim

Fico-me, assim, apenas a ser eu.

Filipa Rodrigues

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Descobrindo...

Havendo um lugar para esconder vaidades, descobre-o.
Havendo um lugar para revelar ansiedades, encontra-o…

Sente nas mãos as tuas dúvidas esconderem-se,
Na pele um rio de vertigens sem peso ou cor,
Nos joelhos cansados o pedido,
O clamor por uma última oportunidade,
A última escolha,
Um passo cruzado em torno de nuvens soltas.

Havendo uma nuvem branca no céu, agarra-a.
Havendo um grito a ecoar no horizonte, ouve-o.

Sente no sangue, a vibrar, as palavras que te lanço
Nos passos, a areia do tempo, que marco com lacre
Na força dos meus braços a luta,
Um esforço por uma vitória,
Por uma meta
Que nunca alcanço sem dor.

Havendo mais alguém ao fundo da rua, fica!

Filipa Rodrigues

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Toma nota:
Há passos incalculados que custam uma vida de regressos!
Vê como o silêncio pode iludir-nos
Inebriar-nos num ritmo enganoso de felicidade.

Toma nota:
Há princípios que não levam ao desmoronamento de corpos!
Vê como os meus passos etéreos se transformam
E nos conseguem enganar para além do suportável.

Não existem precipícios sem finais trágicos!

Filipa Rodrigues

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Elogio da sombra

A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.

Jorge Luís Borges

Shadow


sexta-feira, 4 de julho de 2008

Elevação ...

Acima dos valões, acima dos quintais,
Das montanhas, dos bosques, das nuvens, dos mares,
Muito depois do sol, dos campos estelares,
Muito além dos confins das esferas astrais,

Espírito meu, voas com agilidade;
Como o bom nadador que na onda se excita,
Mergulhas com prazer na amplidão infinita,
Na indizível volúpia da virilidade.

Decola para longe deste chão doente,
Vai te purificar no ar superior
E sorver o límpido, divino licor
Da clara luz que inunda o espaço transparente.

Em meio a infortúnio, mágoa e veneno,
Que tornam mais pesada esta vida brumosa,
Feliz de quem puder com asa vigorosa
Alçar vôo no céu luminoso e sereno;

Quem tiver pensamentos como a passarada
Que no ar da manhã revoa em liberdade
Quem planar sobre a vida, entender a verdade,
Na linguagem da flor e das coisas caladas!

Charles de Baudelaire

quarta-feira, 2 de julho de 2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008

terça-feira, 10 de junho de 2008

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Ascensão


Realidades!!!


Nuno Lobito in Olhares.com

segunda-feira, 2 de junho de 2008

"Vens?"

Rattus, in Olhares.com
"Apesar de tudo, com o avançar lento da idade pressentia, algures dentro de si, um ser de lume - um anjo mudo que o iluminava, revelando- lhe aquilo que devia ou não silenciar. "
Al Berto, in Anjo Mudo

quinta-feira, 29 de maio de 2008

"Tomorrow is a long place"


Daniel Blaufuks

Morre lentamente

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...

Pablo Neruda

terça-feira, 20 de maio de 2008



Vitória Gonçalves

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Palácio do Caos



Olhares.com - Fotos de Tomaz

necessidades....

"A civilização é uma ilimitada multiplicação de necessidades desnecessárias."

M. Twain

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Hope




By Maciej Dakowicz


terça-feira, 29 de abril de 2008

happy birthay

PARABÉNS!!!

Parabéns Filipinha!