quinta-feira, 5 de julho de 2007

Veludo

Dos gritos ela nada sabia. Pouco sentia, sempre vigilante, coberta de veludo carmim. Dos pés à cabeça. Brilho e mais brilho. Nuances de tecido e de baton. E vozes, muitas vozes na cabeça.
Dos gritos, que ouvia, ela nada sabia. As pernas carregadas de marcas negras. O ofício a toldar-lhe a razão que restava. No braço, pendurada, uma carteira dourada. Pequena, suficiente, repleta.

Dos seus gritos, que não ouvia, sabia pouco. Pouco de mais para os calar!


Filipa Rodrigues

1 comentário:

Vera Carvalho disse...

Imagens belas de se ver e palavras apaixonantes que me fazem perder por cá!
Esse grito de veludo ouve-se aqui!Magnífico Filipa!
Um abraço daqui...