terça-feira, 11 de setembro de 2007

quase luz nenhuma



"em todos os retratos haverá um rastro de ferrugem
porque a demora corrói o olhar ... alinhava no papel
o ácido das noite em sépia

no vidro das montras pressentimos a fuga
o desabar da cidade sob o peso da chuva ... sempre
que o diálogo existe entre a sensibilidade do corpo
e do filme ... as mãos repetem os gestos
as palavras desfazem-se no luso-fusco surge o medo
estas pedras fascinadas pelos néons donde se solta a fera
que nos devassa os umbrais dos dias morrendo

caminhamos pela avenida miniaturizada no sonho
aqui devoramos os alicerces de quase luz nenhuma
aqui nos perdemos propositadamente ... a paula o paulo
e a silhueta duma gabardina preta comigo dentro

ao que dizemos e à noite amiga fico atento
hipnotizado nas luzes terríveis ... o receio
de mais tarde olhar as fotografias e já não sentir
pulsar no papel vida nenhuma"

Al Berto

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