sexta-feira, 8 de junho de 2007

Ensaio para um texto

Debaixo de um vinho quente as bolas de espuma da banheira a verter. A temperatura a conter o impulso de ser diferente por longos segundos. A fala abstracta, o discurso incompleto, o método alterado. As palavras todas misturadas como ingredientes. Os gestos sem calma como instrumentos de tortura. O som a desaparecer mal proferido. A luz a desaparecer sem pista. O chão a mudar de cor. O sinal a fechar-se do outro lado do vidro.
A fuga transitória para um presente que não se pretende completar.

P. levantou-se e deixou-se cair sobre si própria. “Mau ensaio para um novo texto.”

Filipa Rodrigues

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