sexta-feira, 15 de junho de 2007

Vergílio Ferreira

“(…) - Ás vezes pergunto-me, quero dizer, perguntava-me: como é que chegou tudo aqui? – disse Miguel. – Perguntava-me pergunto-me, mas não muito. Tenho asco ao porquê. É a fórmula dos desocupados, dos tinhosos, dos raquíticos. Que adianta o porquê? A razão escolhe-se para ser razão. Antes de ela ser escolhida já se foi o que se tinha de ser. Mas ás vezes perguntava-me como é que vim dar aqui?...

Não há como é que, há só o ter chegado, que é que interessa? Não me sinto confortável em parte nenhuma do meu ser, o meu erro é orgânico e não é assim erro nenhum. Mas não me sinto bem nele, devo ter nascido em mim por engano. E de súbito. (…)””

In Até ao Fim, Virgílio Ferreira


* Este texto foi-nos enviado pelo Ricardo, aqui fica... como gesto de agradecimento a um amigo!

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