quarta-feira, 18 de abril de 2007

Genet

“O vento que rola um coração no pátio dos recreios, um anjo que soluça preso numa árvore, o pilar de céu que o mármore retorce abrem portas de emergência à minha noite.

Um pobre pássaro que agoniza e o travo da cinza, a memória de um olho adormecido na parede e este doloroso punho que ameaça o firmamento descem-me o teu rosto à palma da mão.

Mais duro e leve do que uma máscara, o teu rosto tem na minha mão mais peso do que a jóia em dedos de um receptador quando a mete ao bolso; está afogado em pranto. É sombrio e feroz, coberto por um elmo de folhagem verde.

(…)

Diz-me que desgosto doido te faz explodir nos olhos esse desespero, tão forte que uma bravia e desvairada dor aparece, apesar do gelo que choras, a enfeitar-te a boca redonda com um sorriso de luto?”

In, O Condenado à Morte de Jean Genet

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