segunda-feira, 16 de abril de 2007

O Eco do Espelho

By Pedro Magalhães
A lâmina de prata rasga a imagem e resgata a paisagem que parece fugir como quem foge de alguém.
Os corpos projectam-se verticalmente, assimetricamente.
O duplo atravessa o espelho e, do avesso, contempla-se até se perder de vista.
É a ressonância transparente da memória visual, onde o silêncio é a linguagem que transpira do torpor dos corpos, uma voz que se reflecte e se refracta em múltiplas imagens de si.
Uma passagem pela porta dos fundos?
Um portal que se abre a outro espaço?
Um desolhar, um desabandono, um desespelho.
Ou um outro tipo de tempo, de movimento, de respiração?
Tem um rio em si que não cabe em si. Uma árvore enraizada que cresce sem raízes. Um vento que se ouve mas não se abraça.
Fragmentos da natureza repercutidos no espectro natural.
Um eco de sombras e luz.
Para ver, há que escutar o espelho.
by Mara Xara

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