quarta-feira, 30 de maio de 2007

Andante

Na direcção absoluta da alma que caminha,
sente a pequenez dos passos.
Sujos de lama,
diferenciados do que existe à volta.
Anda sempre na diagonal,
como se o vento crescente,
de uma tarde de Inverno,
inventasse o percurso obrigatório do corpo.

Duas vezes andou para trás,
como um urso bárbaro e cheio de medo.
Pelo meio das pedras,
como quem não sabe nadar,
escondeu a vontade de atirar contra os outros a fúria de quem não vence.

Longe de mais as ideias de infância… perto só a certeza do abandono.
Só a altura seria capaz de lhe sossegar a pele.

Filipa Rodrigues

1 comentário:

Massive disse...

Já tinha "saudade"...