quarta-feira, 16 de maio de 2007

Gatos e Pessoas

Por fora do vidro da janela, uma luz evasiva parecia querer anunciar-se. Dia ou noite… branco ou negro, sem mais ou menos, certo ou errado, fome ou sede. Indistintos os sentidos dos lugares que ocupava sem deixar marcas. Nas vozes que ouvia sempre, na sala ou nos quartos, os sustos premeditados e os medos repentinos de quem nunca se habituou a estar com os outros. P. fincava bem os pés no soalho aquecido, como se o seu propósito não fosse mais do que permanecer imóvel a vida toda, dentro da sua vontade inteira. O que ela mais queria: que o silêncio se instalasse definitivamente dentro de tudo o que conhecia.
Filipa Rodrigues

1 comentário:

Sara disse...

Abençoado silêncio!!!